UFC – Para refletir
Vimos no dia 06 de julho, algo que para algumas pessoas jamais ou tão cedo não fosse acontecer, o Campeão invicto há sete anos no UFC Anderson Silva ser nocauteado pelo aspirante Chris Weidman, no inicio do segundo round.
Não cabe a nós meros amadores dos esportes de luta estar culpando Anderson pela perda do cinturão, pois o mesmo majorou durante anos o Brasil no competitivo mundo das lutas de MMA.
Porém, gostaria particularmente de fazer uma ressalva sobre a conduta inapropriada conduzida pelo Ex-Campeão durante todo o transcorrer do combate. Posturas semelhantes foram feitas por Muhammad Ali, George Foreman e Mike Tyson na sua trajetória como atletas. Considerando que o boxe sempre se escorou mercadologicamente destes comportamentos inadequados não seria novidade presenciar ocorrências destas no pugilismo mundial.
Mas assistir cenas semelhantes na categoria que diz ser a supremacia das artes marciais contemporâneas torna-se contraditório. Pessoalmente acho que isto infringe os conceitos éticos e filosóficos instituídos por quase todas as artes marciais do planeta. O que diria os Grand Masters do Japão Guichin Funakoshi ( Pai do Karatê moderno ), Jigoro Kano ( criador do Judô ), Morihei Ueshiba ( Fundador do Aikido ), e Hélio Gracie ( Brazilian Jiu Jitsu ), Choi Hong Hi ( Taekwondo ), e tantos outros celebres mestres das artes marciais.
Lamentável ver trabalhos e estudos de milhares de anos serem trocados por milhões de dólares por empresários que só pensam em somar mais fortuna.
Posso estar enganado, más vejo este evento como algo puramente comercial onde o show se sobrepõe as próprias artes marciais. Lutadores só pensam em nocautear seus adversários em troca da ganancia da fama e da sustentabilidade que o dinheiro pode proporcionar.
Eu não estou aqui afirmando que não devam existir campeonatos de artes marciais, pois eles conferem desenvolvimentos técnicos aos atletas e as próprias modalidades de luta, beneficiando todos que estão envolvidos com ela.
Contudo não devemos remover as raízes ancestrais da doutrina marcial devendo esta sempre prevalecer sob qualquer circunstância. Lembro-me com nitidez o inicio do UFC e do maior evento de MMA realizado no Japão intitulado “ Pride ” e posteriormente expurgado pelo Dana White onde seus atletas entravam vestido com os trajes típicos da modalidade e se despiam momentos antes do combate após concluírem seu “ regui ” marcial.
Enfim quero apenas salientar meu repudio a atitudes de desrespeito e de provocação sem propósitos, pois a vitória de uma luta se conquista com destreza técnica, estratégia e aptidão física sem a utilização de artifícios verbais provocativos que não condiz com o esporte fundamentado no Caminho do Guerreiro “ O Budô Japonês ”.
Talvez alguns campeões estão esquecendo das lições de seus magníficos mestres nos primeiros aprendizados marciais, onde a humildade, cortesia e respeito são atributos qualitativos e quantitativos nas artes marciais, e que a faixa preta jamais poderá ser vendida ou trocada por um cinturão de um campeonato.
Que a reflexão moral seja feita !!!
Nota: O texto acima foi escrito pelo Sensei Marcio Machado cerca de 3 dias após a fatídica luta do Anderson, ou seja, antes do mesmo vir a público e dar suas explicações sobre o acontecido. Segundo ele comentou posteriormente alguns erros foram cometidos principalmente sobre a abstinência das antigas lições de seus mestres marciais. Diz agora, em resgatar suas origens marciais na sua maior essência, saber fazer o melhor uso da sua energia física e mental. Caso isto realmente aconteça, o Campeão estará de novo reinando no octógono do UFC !!!
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